quarta-feira, 25 de março de 2015

Manifesto da (real) tentativa


Porquanto a palavra luta pode não nos parecer atraente como grandioso e reconhecido termo, palavra pública, representante da firmeza de propósito e da seriedade: prefiramos a palavra lazer (e não laser!!!).

Em lazer, mergulhamos a cada instante no instante que nos tangencia o corpo. Como o fazemos? Olhando e pensando, sabendo e sentindo as coisas e nós em seu bojo. Estamos aqui e o que aqui está, está conosco: somos lugar. Somos um pedaço. Para o humano, o ser humano (esta fruta), ser é espelhar-se por toda parte. Espelhar toda a natura - o todo - percebido pelo fragmento específico do corpo. Assim, só assim, seguimos. Seguimos para acontecer. Gostosa natureza orgasmática: brinca.

Perguntamos:

- No que consiste divertir-se
- Enquanto isso se dá (assumindo que de fato aconteça), onde ficam os medos? 
- O quê espanta, no canto, o mal que o canto espanta de quem canta?
- Quem cantou e os males espantou, monstrou o monstro do som no tom?

E mais!:

- Esse fulano que cantou, chamou o monstro? Vibrou o monstro e o monstro passou por dentro do corpo dele para sair?

Ah!... coisas.

Tentemos! Nós tentamos. Entendemos o chamado das coisas: quantos caminhos para cumprir um mesmo chamado (liberdade!!), quantos caminhos para vivenciar um mesmo desejo! Não é só maravilhoso! É gigantesco, é pavoroso, é ininterrupto, é fluido! É marasilioso! É marasiliense!! Nosso lugar é Marasília! Lugar de tentativa. Somos um lugar!

Marasília. Divertir-se é tentar(-se).
Por que dizer não à tentação se tentar é tão bão?

Nas mãos:
Uma concha (para não se esquecer do barulho do mar!)
Um fruto (para lembrar-se das marasílias da terra!!)
Um frasco fechado, com raso líquido - que jamais devemos abrir (para aprender a cultivar o mistério!!!)


Tentar, tentar, tentar. Sempre tentar. Somos tentadores. Somos atentados. Somos terroristas! (>> !Brincadeira! <<) HA HA HA HAios e trovões! Somos brincalhões!

Somos coco-mumu-nini-caca-dodo-reres.
Co-comuni-ca-camos pelo som que sai de cada um e o outro logo escuta. Som solar do centro do peito, de um rio que corre no interior de todo verdadeiro marasiliense! ! ! Som colossal que por ser tão impávido penetra na mente dos humanos: no sonho dos humanos sem ser percebido.

Tudo aquilo que Marasília lançar no mundo entrará pelo mundo (!) como seiva onírica do mundo, percorrerá as fissuras deste mundo, dos próximos mundos e dos contemporâneos e correlatos deste mundo!

Marasília é a natureza exuberante. Nós somos corpos curiosos, questionadores, gentis, responsáveis e criativos. Somos marasiliosos! Somos brinca-dores!

O som do marasiliense reverbera no(s) universo(s).
O som no presente é o nosso presente!
O som e a presença não revelam seu projeto:
em Marasília guardamos segredos!
O som não é óbvio: é só ação, brincação, sem in-rolação!
O som é o olhar, o poder do olhar.

Somos fantasmas, em plena diversão! Somos atletas, eternos turistas!
Seguimos tentanto, atentando, tentando, atentando.
Estando presentes, fazendo graça no raio do instante!

Marasília: o tudo aqui (e todos aqui!!)

Nem mesmo para nós mesmos mentimos.
Nem mesmo em nossas próprias mentes mentimos.
Não mentiremos. Nos meteremos!

A tentativa é o eterno mistério!
Os vales gigantes, abismos imensos,
cercam nosso lar de danças.
Somos insistentes, não incovenientes!
Dançamos, dançamos, dançamos.
Pulamos nos abismos
dançando.

E fluimos, fruimos, fluimos,
peidamos, subimos, cantamos,
tentamos, tentamos, tentamos
manhã, tarde e noite
tentando, tentando,
e o mundo criando,
tentamos, 
tentamos,
para morrer 
e continuar nas coisas.